Adimensional - 14.04.2011

A brancura me cegava. Tudo era branco. O tudo, eu digo, o nada. Não havia tudo orque não havia nada. Era apenas eu, sobre o branco, cercada pelo branco, sob o branco. A luz surgia... Na verdade a luz existia. A luz era. De todo canto, para todo canto. Branco e luz, luz e branco.
Me sentiria cega se acaso não visse em minha frente um grande espelho de corpo inteiro. Ele era a única coisa que quebrava aquela constância branco/luz... Era a única coisa que eu conseguia olhar.
Embora o que olhasse mesmo era o que ele reletia, não o espelho em si. Olhava a mim mesma a minha frente, com uma expressão curiosa no rosto. Não sent medo ou sequer achava estranho aquele lugar adimensional. Só era curioso. Só meu reflexo era curioso.
Curioso porque parecia que eu nunca tinha me visto antes. Não daquela maneira. Parecia outro eu, embora fosse eu mesma. Parecia que a luz constante se apagava, se desviava de mim. Como se eu fosse as trevas. Eu era as trevas.

- Você já viu um espírito morto?

O silêncio agia como a luz. Ele simplesmente era ali. Apenas o silêncio. Por isso, quando a voz se fez ouvida foi como se desse para ver as ondas se formando no ar, quebrando-o. Som e trevas no mundo branco/luz e silencioso.

- Não.

Simplesmente respondi. Ainda permanecia vendo meu reflexo assustador no espelho, a luz se desviando de mim, as trevas crescendo em mim.
Não sabia e não tinha interesse em saver o que era aquela voz, de onde ela vinha. A voz. Ela também não pertencia àquele lugar, assim como eu. Mas ela não pertencia ao meu lugar. Ela não pertencia a lugar algum.
O silêncio após minha resposta foi diferente do silêncio de antes. Era como se a voz risse de maneira sarcástica mas sem som algum. Eu sabia o que ela ia falar. E a voz sabia disso.

- Então observe bem o seu reflexo, pois estás a ver um.

Saber era diferente de ouvir em voz alta. Ao saber em seu intimo você pode conter, esconder, ignorar e trancar num lugar que não vai ser mexido. Mas quando as palavras são ditas em voz alta a verdade se torna verdade universal. O mundo a conhece, o mundo a ouve.
O branco ouviu. A luz ouviu. O silêncio ouviu. Eu ouvi.
O reflexo no espelho foi mudando mas continuava o mesmo. Continuava sendo eu mesma. mas era minha alma refletida. Por isso a luz se afastava. Havia apenas trevas em minha alma. Havia apenas um espírio morto refletido no espelho.
Tentei gritar... Em vão.



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Eu amo as aulas de cálculo, escrevo cada coisas nela. QQ Sério, all >>> aula de cálculo x-x

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Música da vez: Better Together - Jack Johnson [http://www.youtube.com/watch?v=RfoqELZWcp8&feature=grec_index]


Obrigada empregada!

O despertador toca. Após umas noventas sonecas (de cinco minutos cada uma) percebo que estou atrasada e me levanto de um pulo. Tiro a roupa de qualquer jeito e a jogo sobre a cama sem me preocupar em arrumá-la. Abro a gaveta e reviro minhas roupas, algumas caem no chão e nem ligo. Apenas acho uma roupa decente qualquer e me visto, saindo do quarto sem olhar para bagunça que ficou pra trás. Café da manhã rápido. Um pão com ovo e leite gelado. A frigideira fica jogada e suja. O prato e o copo também. Saio atrasada e correndo na direção da aula. Dia cheio. Cálculo. Álgebra. Prática de programação. Como fora e só volto de noite. Acendo a luz de casa. A cozinha está arrumada, limpa. Frigideira lavada e guardada, assim como os pratos e copos. Chego no quarto. Cama arrumada, roupas dobradas sobre ela. Chão limpo, pacotes de bolacha vazios desapareceram. Me jogo sobre a cama, cansada e sorrio. "Obrigada empregada, você é foda!"

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Fala sério, empregadas são seres de outro mundo que vieram ajudar nós, reles humanos, a nos organizar um pouquinho mais! A maneira que elas conseguem arrumar o iniarrumável (acabei de inventar essa palavra) é intrigante! Nem o Pensador Profundo (argh, nerdisse mochileira galáctica maldita!) conseguiria desvendar o método eficiente e inexplicável que elas usam para arrumar as nossas bagunças.
Enfim, vida de faculdade, se não fosse a empregada daqui de casa (só vem três vezes por semana e faz milagres) meu quarto já estaria de pernas pro ar. E minhas roupas apodrecendo.

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Música da vez: Fleet Foxes - He doesn't know why [http://www.youtube.com/watch?v=brZTvGIzeGg&feature=related]

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