Desabafo


Eu me pergunto o que diabos se passa na cabeça das pessoas. Me pergunto como o mundo chegou a ser o que é, porque tinha de tudo pra ser muito, mas muito melhor. Me pergunto o que se passa na cabeça de alguém para humilhar e torturar um outro ser vivo. Me pergunto o que se passa na cabeça de alguém para matar, como se a vida fosse algo descartável. Me pergunto o que se passa na cabeça das pessoas que tem o poder de melhorar a vida de milhões, mas se importam apenas com o próprio cu, igorando que essas pessoas confiaram neles o poder de controlar o país.

Onde foi que o ser humano se perdeu? A partir do momento que nos consideramos racionais, deveríamos agir corretamente. E o que é correto? É muito amplo. Uns dizem que o correto é aquilo que está na Bíblia, outros no Alcorão, outros nem ligam para o que é correto ou não. Mas pra que envolver religião no meio, se cada religião prega uma coisa? Se em uma religião algo é correto e em outra não, então uma deve se sobrepor a outra? Não! Porra, não! Fodam-se as religiões, que cada um tenha a sua, mas aprendam a cuidar das próprias vidas. Implique o que sua religião pede a sua vida e apenas a ela, que os outros possam ter a liberdade de escolha de seguir essa religião ou não. Mas, voltando ao correto, então o que seria correto? Nada melhor do que a frase "Não faça para os outros o que você não queria que fosse feito contigo". Pronto, definido o que é correto. Correto é você tratar e ser com as pessoas aquilo que quer que elas sejam contigo. Seu direito vai até onde o direito do outro começa.

Logo, você tem o direito de se divertir, de chamar amigos para sua casa, de fazer uma festa. Mas seu vizinho tem a porra do direito de dormir, de descansar para ir trabalhar no dia seguinte. Você pode fazer sua festa, mas respeite o direito do seu vizinho e deixe o som baixo. É difícil? Puta que pariu, vai explodir a porra do seu mundo se aprender a respeitar os outros?
Você pode escolher gostar de funk, é um direito (e azar) seu, mas eu posso gostar de ouvir rock. E aí, vai ficar me fazendo ouvir essa porcaria no onibus, enquanto volto pra casa, quando tudo que mais quero é relaxar e, por Merlin, não ouvir essas músicas? É difícil colocar a porra de um fone de ouvido e ouvir a porra da sua música sozinho? Que caralho! Onde está a porra do respeito?

Agora, você tem a porra do direito de amar uma pessoa. Você tem a porra do direito de casar com uma pessoa do sexo oposto e ser feliz, e amar e viver sua vida do jeito que você quer. Por que eu não posso ter a porra do direito de gostar de uma pessoa do mesmo sexo? Não me importa se é estranho pra você, que caralho, não sou EU que estou gostando da outra pessoa? Não sou EU que vou transar com a outra pessoa? Que vou viver com a outra pessoa, que vou ser feliz ou não com a outra pessoa? Mas que caralho então tentar ficar impedindo as pessoas de serem felizes, só porque você não gosta do que ela faz da VIDA DELA! Que caralho, cada um tem sua vida. Se o cara gosta de dar a bunda, se faz feliz pra ele, ENTÃO QUE ELE DÊ A PORRA DA BUNDA E SEJA FELIZ! Agora só porque a porra do seu deus, do seu livro sagrado que pra mim não significa nada diz algo diferente disso, diz que existe uma lei universal (até porque o famoso livre arbítrio não existe nessas horas) que o homem deve ficar com a mulher, isso deve se aplicar a MIM que não ligo pra isso? FODA-SE se isso for verdade e que eu vou me foder quando eu morrer. SOU EU QUE VOU ME FODER, CARALHO! ME DEIXE ME FODER! Sou EU que vou pagar as contas do final de tudo, não você. Então viva a porra da sua vida que eu vivo a minha e acabou! Porque, no fim das contas, não é um pinto que me faz amar ou deixar de amar alguém. Se isso é pra você, ótimo, respeito sua escolha.

Respeite a minha.

Unloveable - 14.06.2011




Mais uma noite. Como todas as noites.

Vestida para matar. Como todas as noites.

Corpete preto. Calça justa. Botas de combate. Meia 7/8 rendada. Batom. Lápis. Sombra. Rímel. Perfume. Sorriu para sua imagem no espelho. Estava completamente irresistível, do jeito que queria.

Desceu do apartamento chamando a atenção do porteiro enquanto passava. Adorava alimentar o próprio ego.

O taxista fez questão de arrumar o espelho para ficar observando-a no caminho. Ela fez questão de cruzar as pernas só para ver a reação dele. Mais alimento pro ego.

Já na portaria do local passou pela fila imensa e, por já ser conhecida dos seguranças, pode entrar sem problema algum. Ignorou completamente a reclamação dos idiotas que ficaram do lado de fora.

Balada. Bebidas. Música. Luzes. Pessoas. Dança com um aqui. Provoca outro ali.

Foi até o balcão pegar mais alguma bebida quando pousou o olhar numa mulher que fazia o mesmo. Ela olhou de volta. Sorriu. Tinha achado a diversão da noite.

Não era difícil, não depois de tanto tempo. Papo vai, papo vem, troca de olhares, sorrisos, comentários com infinitas intenções, logo estava na pista de dança com a mulher, se esfregando enquanto dançava com ela, passando a mão por sua perna, subindo pela sua cintura, chegando em seu cabelo. Os homens ao redor ficavam loucos com aquilo.

Mais bebidas e logo já a beijava contra a parede do lugar, sem pudor. Passava a mão por dentro de sua saia, subindo, provocando. Comeria ela ali mesmo, mas seria um disperdício. Tinha uma bela cama, pronta pra receber aquela bela mulher.

Então foram pro apartamento, praticamente transando no banco de trás do táxi. Mas na verdade apenas provocava a mulher, queria deixá-la louca. E estava conseguindo, claro. Sempre conseguia. Era a melhor nisso.

Chegou no ape, mal deu tempo de fechar a porta. Já era puxada, arranhada, beijada, mordida. A pegou no colo, as pernas da mulher envolta de seu corpo, uma em cada lado. Foi beijando-a, batendo pelo caminho, até chegar no quarto. A jogou na cama e já foi pra cima dela.

Beijos, mordidas, lambidas, arranhões. Roupas para todo lado. Gemidos. Gritos.

A comeu até que a mesma não aguentasse mais. A comeu de todas as maneiras possíveis, em todas as posições que ela fora capaz de fazer e teria feito mais se ela já não aguentasse mais. Sentou-se ao lado da mulher, nem lembrava mais o nome dela. Aliás, nem sabia se em algum momento tinha gravado o nome dela. Era só mais uma. Era só mais uma noite.

Pegou um cigarro do maço e o acendeu. Deu uma tragada e soltou a fumaça no ar. Se sentia insaciada, como sempre. Se sentia vazia, como sempre. Se sentia solitária, como sempre.

Levantou-se e foi andando até uma cômoda mais a frente. Abriu a primeira gaveta e tirou uma foto de dentro. Na imagem estava ela, uns anos mais jovem, e outra garota. Tragou o cigarro de novo e desceu o olhar para a gaveta, onde permanecia um anel. Suspirou e tornou a colocar a foto dentro da gaveta, fechando-a com força. A mulher desconhecida deu um murmúrio na cama, mas nem olhou para trás. Apenas encarava sua própria imagem no espelho a frente.

Seria pra sempre assim.

Seria pra sempre sozinha.


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Música da vez: Enjoy the Silence - Depeche Mode [http://www.youtube.com/watch?v=aGSKrC7dGcY]

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