Unloveable - 14.06.2011
Mais uma noite. Como todas as noites.
Vestida para matar. Como todas as noites.
Corpete preto. Calça justa. Botas de combate. Meia 7/8 rendada. Batom. Lápis. Sombra. Rímel. Perfume. Sorriu para sua imagem no espelho. Estava completamente irresistível, do jeito que queria.
Desceu do apartamento chamando a atenção do porteiro enquanto passava. Adorava alimentar o próprio ego.
O taxista fez questão de arrumar o espelho para ficar observando-a no caminho. Ela fez questão de cruzar as pernas só para ver a reação dele. Mais alimento pro ego.
Já na portaria do local passou pela fila imensa e, por já ser conhecida dos seguranças, pode entrar sem problema algum. Ignorou completamente a reclamação dos idiotas que ficaram do lado de fora.
Balada. Bebidas. Música. Luzes. Pessoas. Dança com um aqui. Provoca outro ali.
Foi até o balcão pegar mais alguma bebida quando pousou o olhar numa mulher que fazia o mesmo. Ela olhou de volta. Sorriu. Tinha achado a diversão da noite.
Não era difícil, não depois de tanto tempo. Papo vai, papo vem, troca de olhares, sorrisos, comentários com infinitas intenções, logo estava na pista de dança com a mulher, se esfregando enquanto dançava com ela, passando a mão por sua perna, subindo pela sua cintura, chegando em seu cabelo. Os homens ao redor ficavam loucos com aquilo.
Mais bebidas e logo já a beijava contra a parede do lugar, sem pudor. Passava a mão por dentro de sua saia, subindo, provocando. Comeria ela ali mesmo, mas seria um disperdício. Tinha uma bela cama, pronta pra receber aquela bela mulher.
Então foram pro apartamento, praticamente transando no banco de trás do táxi. Mas na verdade apenas provocava a mulher, queria deixá-la louca. E estava conseguindo, claro. Sempre conseguia. Era a melhor nisso.
Chegou no ape, mal deu tempo de fechar a porta. Já era puxada, arranhada, beijada, mordida. A pegou no colo, as pernas da mulher envolta de seu corpo, uma em cada lado. Foi beijando-a, batendo pelo caminho, até chegar no quarto. A jogou na cama e já foi pra cima dela.
Beijos, mordidas, lambidas, arranhões. Roupas para todo lado. Gemidos. Gritos.
A comeu até que a mesma não aguentasse mais. A comeu de todas as maneiras possíveis, em todas as posições que ela fora capaz de fazer e teria feito mais se ela já não aguentasse mais. Sentou-se ao lado da mulher, nem lembrava mais o nome dela. Aliás, nem sabia se em algum momento tinha gravado o nome dela. Era só mais uma. Era só mais uma noite.
Pegou um cigarro do maço e o acendeu. Deu uma tragada e soltou a fumaça no ar. Se sentia insaciada, como sempre. Se sentia vazia, como sempre. Se sentia solitária, como sempre.
Levantou-se e foi andando até uma cômoda mais a frente. Abriu a primeira gaveta e tirou uma foto de dentro. Na imagem estava ela, uns anos mais jovem, e outra garota. Tragou o cigarro de novo e desceu o olhar para a gaveta, onde permanecia um anel. Suspirou e tornou a colocar a foto dentro da gaveta, fechando-a com força. A mulher desconhecida deu um murmúrio na cama, mas nem olhou para trás. Apenas encarava sua própria imagem no espelho a frente.
Seria pra sempre assim.
Seria pra sempre sozinha.
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Música da vez: Enjoy the Silence - Depeche Mode [http://www.youtube.com/watch?v=aGSKrC7dGcY]
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